Liquidação extrajudicial
Dívida da Cosulati pode ultrapassar os R$ 250 milhões
Prestação de contas será apresentada em assembleia geral, dia 23
Paulo Rossi -
Uma auditoria concluída nos próximos dias deve indicar o valor real da dívida acumulada pela Cosulati. A estimativa é de que o montante possa ultrapassar os R$ 250 milhões. Os dados serão apresentados em assembleia geral extraordinária, marcada para o dia 23 deste mês. A criação de uma Central de Cooperativas Agropecuárias desponta como a principal estratégia para sair do vermelho, voltar a ter capital de giro e ampliar a produção.
Hoje, das três fábricas, apenas a de Lacticínios - no Capão do Leão - se mantém em operação e está longe de funcionar a pleno. Somente 20% da capacidade tem sido aproveitada. E para reduzir as despesas, a produção é interrompida em todos os momentos que sobem os custos da energia elétrica, como nos finais de tarde.
Quem conta é um dos integrantes do Conselho Fiscal, o produtor Antônio Gastal, ao conversar com o Diário Popular por cerca de uma hora na tarde desta quinta-feira (12). "Acredito que falar sobre o assunto é o melhor que temos a fazer. Abrir espaço para especulações pode ser pior pra cooperativa", afirma, em respeito aos 11 anos de ligação com a Cosulati.
O caminho é buscar parceiros
Já iniciaram as tratativas com cooperativas que poderiam compor a Central. Uma viagem a Porto Alegre, inclusive, colocará o tema em pauta. Atualmente, sem reservas financeiras, a Cosulati tem negociado a compra de aproximadamente 160 mil litros de leite por dia; uma queda de mais de 50%. Com menos da metade de matéria-prima à disposição, caem as chances de retomar a variada linha de produtos.
A possibilidade de firmar contrato para exportação do leite em pó - como já chegou a ocorrer para Venezuela - também é descartada no momento. As vendas ocorrem apenas para o mercado interno, como São Paulo. Não há como correr o risco de descumprir acertos internacionais; explica Gastal.
Uma das alternativas para movimentar o caixa, portanto, tem sido fechar negócios com outras marcas, que encaminham leite para processamento na Cosulati. Para ampliar a produção própria, todavia, o caminho aponta, sim, às futuras parcerias.
De portas cerradas, mas em manutenção
As fábricas de ração, em Canguçu, e de frango, em Morro Redondo, permanecem de portas cerradas. As duas unidades, entretanto, ainda contam com funcionários para manutenção e limpeza do maquinário, que não pode permanecer totalmente fora de operação, sob risco de se perder. O custo anual para manter as duas estruturas, ainda que fechadas, alcança R$ 1,7 milhão.
Conheça alguns números
* Fábrica em operação: apenas uma; a de lacticínios, no Jardim América, no Capão do Leão
* As indústrias de ração (Canguçu) e de frango (Morro Redondo) estão fechadas
* Funcionários hoje: 273 - contabilizadas estruturas, como os postos de resfriamento em Santana do Livramento, Aceguá e Candiota e também trabalhadores que realizam manutenção nas duas fábricas fechadas
* Produtores envolvidos: em torno de dez mil famílias em 42 municípios. A compra de leite de 11 cooperativas de assentados reforça a importância social da Cosulati
* Faturamento bruto atual: aproximadamente R$ 122 milhões por ano
* O cenário antes da redução de estrutura
* Funcionários: cerca de 850 pessoas
* Produtores envolvidos: em torno de 15 mil famílias - consideradas as três fábricas
* Faturamento bruto em 2014: R$ 300 milhões/ano
Assembleia geral
O chamamento aos 2.769 associados da Cosulati está marcado para a segunda-feira, 23 de abril, a partir das 11h. O encontro ocorrerá no galpão crioulo da Associação de Funcionários da Cosulati, no Capão do Leão.
A definição de um novo liquidante, que assumirá a frente da Cooperativa até 8 de novembro de 2018, é um dos temas centrais da pauta. Com a Liquidação Extrajudicial, declarada em 8 de novembro de 2016, a Cosulati ganhou prazo de dois anos para recomeçar o pagamento de credores, como bancos e fornecedores.
Os compromissos fiscais e trabalhistas não se alteraram com a liquidação.
Na assembleia geral, os associados também irão colocar em avaliação a possibilidade de venda de bens móveis e imóveis, assim como a hipótese de arrendamento das estruturas. Afinal, são quase 45 anos de história para preservar.
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